Os antigos árbitros internacionais Duarte Gomes e Artur Soares Dias debateram o futuro da arbitragem em Portugal no Portugal Football Summit, defendendo a profissionalização e a criação de uma entidade externa, além de salientarem que os árbitros são mal remunerados.
Duarte Gomes e Artur Soares Dias, ex-árbitros internacionais de renome, participaram recentemente no Portugal Football Summit, realizado em Oeiras. Durante o evento, ambos defenderam veementemente a necessidade de uma reforma profunda na gestão da arbitragem portuguesa, propondo a criação de uma entidade externa e profissionalizada para assumir esta responsabilidade.
Duarte Gomes expressou a sua convicção de que a instauração de uma entidade independente aumentaria significativamente a transparência. Segundo ele, ao retirar a arbitragem da alçada direta da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), dissipar-se-ia a perceção de que a FPF, as associações e os clubes exercem uma influência negativa sobre as decisões arbitrais. “É um caminho inevitável”, afirmou Gomes, sublinhando que a principal questão agora é determinar a melhor forma de implementar esta mudança.
Artur Soares Dias corroborou esta perspetiva, classificando-a como “seguramente o caminho a seguir”. O ex-árbitro argumentou que o setor da arbitragem deveria ser gerido com uma abordagem mais “empresarial”. Para ele, isso implicaria a definição clara de um conjunto de direitos e obrigações para todos os envolvidos, desde os colaboradores às entidades e departamentos, com o objetivo de otimizar a organização e garantir maior sucesso. Soares Dias acredita que um Conselho de Arbitragem com uma visão mais “empresarial” seria mais eficaz.
Adicionalmente, Artur Soares Dias abordou a problemática dos salários dos árbitros em Portugal. O antigo juiz assegurou que, apesar de poderem receber 1.500 euros por jogo, a remuneração anual global é insuficiente, dadas as exigências e os riscos da profissão. Exemplificou que um árbitro que realize 10 a 20 jogos por época, acumulando 30.000 euros anuais, ainda é mal pago, especialmente se, por uma decisão menos acertada, for despromovido e ficar sem rendimentos garantidos no ano seguinte.
Duarte Gomes partilhou a mesma opinião relativamente à subremuneração, embora tenha esclarecido que os árbitros da Primeira Liga auferem mais do que a maioria dos jogadores da I Liga e cerca de 85% dos jogadores da II Liga. Contudo, fez questão de frisar que esta comparação não invalida a tese dos baixos salários. Ele salientou que, ao considerar as elevadas exigências pessoais e profissionais, a constante exposição mediática, o desgaste físico e psicológico, o impacto nas famílias e a criticidade das decisões que tomam em campo, a compensação financeira atual é manifestamente desadequada à magnitude da responsabilidade e pressão que a função acarreta.