O tenista italiano Lorenzo Musetti esteve perto de ser desclassificado do Open de França após um incidente polémico. Durante o seu jogo dos quartos de final contra o americano Frances Tiafoe, Musetti chutou uma bola em frustração, que acabou por atingir uma juíza de linha no peito.
Apesar do incidente, Musetti, 23 anos, ex-semifinalista de Wimbledon, venceu a partida contra Tiafoe, 27 anos, por 6-2, 4-6, 7-5, 6-2 em Roland Garros.
O momento ocorreu no segundo set, após Musetti perder o oitavo jogo. A sua reação, ao chutar a bola de forma descontrolada, poderia ter resultado numa desclassificação, uma penalidade mais severa do que a advertência por conduta antidesportiva que recebeu.
Frances Tiafoe, oitavo cabeça de série, chamou a atenção do árbitro para a situação enquanto mudava de raqueta. No entanto, o árbitro decidiu aplicar apenas uma advertência ao 15º cabeça de série, Musetti.
Musetti comentou o incidente após a partida, descrevendo-o como uma “coincidência muito infeliz”. Afirmou estar “um pouco assustado” e garantiu que “não queria magoar ninguém, claro”. Pediu desculpa imediatamente à juíza de linha e a todos os presentes. Na sua perspetiva, a advertência foi justa, mas considerou que o árbitro percebeu a ausência de intenção maliciosa, o que o permitiu continuar no jogo.
Por outro lado, Frances Tiafoe não escondeu a sua incompreensão pela falta de uma ação mais drástica. Considerou que o facto de “nada ter acontecido” foi “cómico” e sublinhou a aparente inconsistência na aplicação das regras pelos oficiais.
Precedentes históricos neste desporto incluem a desclassificação de Novak Djokovic no US Open de 2020 por atingir uma juíza de linha e a famosa desclassificação de Tim Henman em Wimbledon em 1995 por atingir uma apanha-bolas.
Tim Henman, agora analista, observou que, “pela letra da lei, se acertar ou chutar uma bola em frustração, e esta acertar um apanha-bolas, juiz de linha ou árbitro, isso pode ser uma desclassificação”. Reconheceu que o árbitro poderia ter interpretado a situação dessa forma, embora Musetti se sentisse “muito azarado e injustiçado” se fosse desclassificado. Alertou que chutar uma bola para longe implica sempre um risco.
Boris Becker, tricampeão de Wimbledon, defendeu a decisão do árbitro alemão Timo Janzen, considerando que fez um “excelente trabalho”. Argumentou que “não se pode desclassificar Musetti por algo assim” e que a advertência foi justificada, mas não se compara ao caso de Djokovic. Apelou a que a “internet se acalmasse”, pedindo perspetiva.
Contudo, a reação dos fãs online foi menos indulgente. Muitos expressaram a sua fúria nas redes sociais, questionando por que razão não houve uma desclassificação e traçando paralelos com o caso de Djokovic, que foi “banido de todo um torneio por muito menos!”. Outros criticaram a “inconsistência e os duplos padrões” nas decisões, afirmando que tal os estava a “arrefecer em relação ao ténis”.
Musetti, que celebrou a vitória mostrando os músculos, tornou-se o terceiro italiano, depois de Matteo Berrettini e Jannik Sinner, a alcançar as meias-finais em várias superfícies em torneios do Grand Slam.